sexta-feira, 1 de outubro de 2010

1º de outubro - Dia Mundial do Vegetarianismo

Ao contrário do que muitas pessoas ainda julgam, o ser humano não tem nenhuma necessidade de se alimentar de outros animais; fazê-mo-lo apenas por costume, por comodismo ou para satisfazer o nosso paladar. Uma dieta vegetariana bem planejada é tão ou mais saudável do que uma dieta onívora bem planejada.
 A maior parte de nós nunca ponderou sequer porque motivo come aquilo que come e com que justificação o faz. Limitamo-nos a comer o mesmo que os nossos pais comem, o mesmo que os nossos familiares e amigos comem, ou aquilo que a indústria alimentar nos impinge.
 Chegou a altura de pensarmos pela nossa própria cabeça. As nossas acções têm consequências e a consequência de comermos produtos de origem animal é o sofrimento injustificado de milhares de animais.

Não Se Trata de Caridade, Trata-se de Respeito

O vegetarianismo ético é a base do respeito pelos animais. É a aplicação na nossa vida do princípio da não-violência e da justiça para com os seres de outras espécies.
Não temos necessariamente de gostar de animais nem de ser caridosos para com os animais, mas sim de respeitá-los. Da mesma forma que não temos obrigação de ajudar as pessoas sem-abrigo, também não temos obrigação de ajudar um cão que vemos abandonado na rua, por exemplo. No entanto, ainda que não façamos absolutamente nada para ajudar os animais, a nossa obrigação ética mínima é fazer aquilo que estiver ao nosso alcance para não os prejudicar. E a coisa mais importante que podemos fazer para poupar sofrimento aos animais é adoptar uma dieta vegetariana.


Questões Frequentes

O que é o vegetarianismo ético?

O vegetarianismo ético é uma dieta baseada em vegetais, que exclui os animais e os produtos de origem animal. Diz-se ético, porque não é motivado por questões de gosto (costuma dizer-se que os vegetarianos não gostam de carne, o que não é rigoroso) nem por questões de saúde (embora nos devamos obviamente preocupar com a saúde). O vegetarianismo ético é motivado pelo respeito pelos animais e/ou por questões ambientais que afectam os direitos dos humanos e não-humanos que habitam este planeta.
O objectivo de um vegetariano ético deve ser adoptar uma dieta estritamente vegetariana (ou vegana) excluindo da sua alimentação, para além da carne e do peixe, os ovos e os lacticínios. A indústria de produção de ovos e lacticínios acaba por causar mais sofrimento aos animais do que a produção de carne. Causa mais sofrimento, porque, no caso dos lacticínios e dos ovos, os animais vivem (miseravelmente) durante mais tempo antes de serem também eles abatidos e comidos.
Apesar de o vegetarianismo estrito ser a atitude mais coerente a tomar, a maioria dos vegetarianos abandonou primeiro a carne e o peixe e só passado bastante tempo deixou por completo os lacticínios e/ou os ovos. O importante é reduzir progressivamente o consumo de produtos de origem animal e não cair no erro de pensar que só a carne e o peixe é que são condenáveis. Muito provavelmente, há mais sofrimento num copo de leite do que num bife.

Por que os animais merecem respeito?

Os animais merecem ser respeitados, porque são, em muitos aspectos fundamentais, idênticos aos humanos. Na verdade, qualquer pessoa que conviva de perto com um animal pode constatar a complexidade do seu lado psicológico e como cada animal tem uma personalidade única. É por isso que não conseguimos conceber comer um cão ou um gato. Contudo, é tão errado e injustificável comer um cão como comer um porco. Na verdade, os porcos até são mais inteligentes do que os cães.
Hoje em dia, é consensual que muitos animais (nomeadamente os animais utilizados na indústria alimentar) são seres conscientes da dor e do prazer, seres que se podem alegrar ou entristecer, seres com memória do passado e com capacidade de antecipar o futuro, seres que aprendem, seres com uma vida própria que lhes pode correr melhor ou pior. Em suma, são seres que possuem as características necessárias e relevantes para merecerem o nosso respeito. Como tal, é eticamente indefensável infligir-lhes sofrimento desnecessário, mas é precisamente isso que fazemos ao alimentarmo-nos deles. 


Por que deixar de comer animais em vez de pedir que sejam tratados condignamente?

Há dois problemas com esta visão. Por um lado, sugere que não há nenhum problema em continuar a criar, explorar e matar os animais, desde que o façamos com um mínimo de sofrimento para os animais. Na nossa opinião, a exploração dos animais é injustificável em si mesma, independentemente da forma como fazemos essa exploração e por mais que tentemos adornar a imagem.
Por outro lado, esta visão sugere que é possível continuar a explorar os animais (ou, mais precisamente, a explorar cada vez mais animais, já que esta indústria tem tido um crescimento exponencial) sem lhes causar grande sofrimento, o que é completamente ingénuo (algo que os anglo-saxónicos apelidam de wishful thinking).

Segundo um relatório da ONU, prevê-se que tanto a produção de carne como a produção de leite dupliquem pelo ano 2050 (relativamente aos valores de 2000). A produção de carne aumentará de 229 milhões de toneladas para 465 milhões de toneladas, enquanto que a produção de leite aumentará de 580 milhões de toneladas para 1043 milhões de toneladas. Isto traduz-se em muitos mais milhões de animais a viverem vidas de sofrimento constante.
A esperança seria alguma eventual legislação de bem-estar animal que obrigasse a indústria a tratar os animais condignamente. Mas é mais provável as galinhas ganharem dentes do que isso acontecer. A indústria de exploração dos animais é uma indústria poderosíssima com um lóbi a condizer. Esse lóbi tem força mais do que suficiente para impedir qualquer medida legislativa que se pudesse traduzir numa melhoria significativa no bem-estar dos animais (oferecer bem-estar aos animais custa dinheiro). O que se verifica na prática é que as leis de bem-estar animal só são aprovadas quando não há oposição da indústria alimentar. As melhorias que se vão conseguindo através de legislação eliminam algumas práticas de crueldade mais gritante, mas a vida dos animais continua a ser um inferno. Nos EUA e no Reino Unido, por exemplo, onde já há legislação de bem-estar animal há mais de um século, cada vez há mais animais a sofrer e das piores formas possíveis (explorados em massa e em absoluto desrespeito pela sua natureza).
Ninguém vai proteger por nós os animais utilizados na indústria alimentar. Esses animais são apenas recursos descartáveis numa indústria que nunca será uma indústria compassiva. Para a indústria alimentar, o único valor dos animais é o seu valor comercial, o qual é insignificante face aos custos de funcionamento e ao valor das instalações. Mesmo para quem defenda apenas o bem-estar animal e não os direitos dos animais, o vegetarianismo ético constitui o único meio realmente eficaz de poupar sofrimento aos animais utilizados na indústria alimentar.


Por que poupar sofrimento aos animais se as plantas também são seres vivos?

A resposta é tão óbvia que é quase desnecessária. O argumento (se é que se pode chamar a isso argumento) de que as plantas são seres vivos e, por conseguinte, também sofrem, é um argumento absolutamente inválido. Claro que as plantas são seres vivos (como também o são as bactérias e outros organismos unicelulares, por exemplo), mas ninguém defende que ser-se um «ser vivo» seja condição suficiente para se ter a capacidade de sofrer — para um ser sofrer é necessário que tenha uma mente e um sistema nervoso, o que obviamente não é o caso das plantas.
Claro que se, por absurdo, as plantas sofressem, o vegetarianismo continuaria a ser a escolha mais acertada, uma vez que quem é vegetariano tem uma dieta muito mais eficiente, ao passo que os omnívoros consomem indirectamente muitas mais plantas (utilizadas na alimentação dos animais).


Por que adotar uma dieta que não é a dieta “natural” dos humanos?

Os humanos são animais omnívoros, mas têm características fisiológicas muito mais próximas dos animais herbívoros do que dos carnívoros. Ser omnívoro não significa que se tenha de comer carne ou outros produtos de origem animal, significa apenas que conseguimos digerir esses alimentos. Os produtos de origem animal não só não são necessários para uma dieta equilibrada, como têm muitos efeitos nocivos para a saúde humana.
Mas não há vários nutricionistas que dizem que é preciso comer carne/peixe/beber leite?
Sim, há, mas estão a precisar de atualizar os seus conhecimentos (se calhar, ainda não os atualizaram desde que saíram da faculdade). A posição da Associação Americana de Nutrição e da associação Nutricionistas do Canadá é que «uma dieta estritamente vegetariana (vegana) e outros tipos de dietas vegetarianas bem planeadas são apropriadas para todas as fases da vida, incluindo gravidez, aleitamento, primeira infância, infância, e adolescência» e que «as dietas vegetarianas oferecem diversas vantagens nutricionais».
Claro que a dieta vegetariana não é nenhuma dieta milagrosa que cure ou previna todas as doenças e nos faça viver até aos 120 anos — como alguns vegetarianos bem-intencionados, mas demasiado entusiastas, nos parecem querer sugerir. Como em qualquer outra dieta, é preciso um planeamento adequado para se conseguir uma nutrição equilibrada. Na verdade, numa dieta estritamente vegetariana, é preciso um planeamento mais cuidadoso do que numa dieta omnívora. Porém, a recompensa desse "esforço" é sabermos que estamos a contribuir decisivamente para termos uma saúde melhor e um planeta mais sustentável, ao mesmo tempo que aplicamos efectivamente na nossa vida o princípio do respeito pelos outros animais.

Porquê negar a evolução natural do homem que se baseou na dieta onívora?

Não colocando em causa a necessidade que os humanos possam ter tido de se alimentar de carne em tempos passados, hoje em dia não há nenhuma necessidade de continuarmos a fazê-lo, antes pelo contrário. Adoptar uma dieta vegetariana é continuar a evoluir. Evoluir em direcção a uma sociedade mais justa e pacífica, onde seja dado aos animais não-humanos o respeito que eles merecem. E, por outro lado, evoluir em direcção a um planeta mais sustentável, onde seja possível alimentar mais pessoas, ao mesmo tempo que se reduzem os fortes impactos negativos no ambiente resultantes da criação de animais para consumo humano.

Por que abdicar de comer animais se os humanos estão no topo da cadeia alimentar?

Ninguém nega que os humanos têm capacidade para dominar os outros animais. Mas uma coisa é ter poder, outra coisa muito distinta é ter razão. O facto de uma pessoa conseguir subjugar outra pessoa mais fraca do que ela não lhe dá o direito de o fazer. Do mesmo modo, o poder que nós temos sobre os outros animais não nos confere o direito de os comer ou explorar.

Por que deixar de comer animais se eles próprios se comem uns aos outros?

Esta questão é engraçada, porque aquilo que os animais não-humanos fazem é normalmente dado como exemplo daquilo que os humanos se devem abster de fazer (já que somos supostamente superiores). Contudo, quando nos convém, invertemos rapidamente os papéis para tentar arranjar alguma desculpa.
A verdade é que aquilo que os outros fazem (sejam humanos ou não-humanos) não serve de justificação para as nossas acções — a menos que ainda estejamos na escola primária.
Para os animais que comem outros animais não existe nenhuma escolha moral subjacente a essa acção. No entanto, nós, humanos, temos a capacidade e o poder para escolher moralmente. E se nós podemos escolher não causar sofrimento, e ainda assim escolhemos causar sofrimento, será que não há nada de errado nisso?


Por que preocuparmo-nos com os animais quando há problemas mais graves?

O facto de existirem problemas mais graves do que outros não é de forma nenhuma desculpa para ignorarmos os problemas menos graves.
O que é mais importante? O problema da fome extrema em África ou o problema da perda de poder de compra dos trabalhadores? Seguramente, o problema da fome extrema é mais grave, mas significa isso que devemos deixar de lutar por aumentos salariais justos para as classes mais desfavorecidas? Claro que não. Do mesmo modo, podemos respeitar os direitos dos animais ao mesmo tempo que ajudamos a combater outros problemas, sejam eles mais ou menos graves.
É engraçado que não se ouve ninguém perguntar "porque gastas tanto dinheiro para ver jogos de futebol quando podias ajudar as crianças que morrem de fome?" ou "porque passas o tempo a ver televisão quando podias fazer voluntariado para ajudar pessoas necessitadas?". Ninguém critica essas pessoas, porque elas não incomodam a consciência de ninguém. Paradoxalmente, são aqueles que fazem alguma coisa por uma mudança na sociedade que são sempre alvo destas críticas — e quem faz as críticas são normalmente os mais comodistas da sociedade.


Qual a relação da dieta vegetariana com o ambiente? E com o problema da fome?

A dieta vegetariana é uma dieta muito mais eficiente em termos energéticos e em termos de poupança de recursos naturais do que a dieta omnívora. Tal facto explica-se muito facilmente: ao comermos animais, estamos a comer indirectamente os vegetais de que esses animais se alimentaram. Se comermos directamente os vegetais, o processo é várias vezes mais eficiente.
Com idênticos recursos naturais, podemos alimentar muitas mais pessoas com uma dieta vegetariana do que com uma dieta omnívora. O vegetarianismo não vai resolver o problema da fome no mundo, mas é seguramente um passo na direcção certa.
No que concerne ao ambiente, uma dieta vegetariana contribui para minorar diversos problemas muito graves, nomeadamente o aquecimento global e a desflorestação (a principal causa de ambos é a criação de animais para alimentação), a falta de água potável (quase 1/10 de toda a água potável utilizada pelo homem a nível mundial é utilizada para criação de animais para alimentação) e a poluição (uma das principais, senão a principal causa de poluição dos recursos hídricos é também a criação de animais para alimentação).

Fonte: Veg4Life.  


TERRAQUEOS é um filme-documentário sobre a absoluta dependência da humanidade em relação aos animais (para estimação, alimentação, vestuário, diversão e desenvolvimento científico), mas também ilustra nosso completo desrespeito para com os assim chamados "provedores não-humanos".

Impactante, informativo e provocando reflexões, TERRÁQUEOS é de longe o mais completo documentário jamais produzido sobre a conexão entre natureza, animais, e interesses econômicos. Há vários filmes importantes sobre os direitos dos animais, mas este supera os demais.


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